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segunda-feira, 29 de abril de 2024

EM CIMA DA HORA

publicado em 04/05/2017

Movimentos seguirão na rua contra política 'já derrotada' de austeridade

Agenda que governo tenta impor foi derrotada nas quatro últimas eleições, lembra presidente da CUT de São Paulo. O que cria emprego é crescimento, afirma, criticando mídia e ações policiais.

As manifestações de março, a greve geral da última sexta-feira (28) e o 1º de Maio mostram rejeição da sociedade a políticas de austeridade, traduzidas em reformas como as da Previdência e trabalhista, avalia o presidente da CUT de São Paulo, Douglas Izzo. "Essa política foi derrotada nas quatro últimas eleições. A classe dominante, ao dar o golpe e a caneta de presidente para Michel Temer, recoloca sua agenda", afirma, apostando na mobilização para pressionar deputados e senadores, contra "um governo que recoloca o projeto derrotado e enfia o país numa crise profunda".

Para o dirigente, a insatisfação com as reformas ficou clara com duas manifestações seguidas. "Fizemos dois grandes eventos num curto espaço de tempo. Sem dúvida, a maior greve geral da história, envolvendo várias categorias, e o 1º de Maio", diz Douglas. Segundo ele, a manifestação de ontem tornou-se mais desafiadora diante das dificuldades impostas pela prefeitura de São Paulo, que obrigaram os organizadores a praticamente dividir o ato em duas partes, na Avenida Paulista e na Praça da República, com uma passeata pela Rua da Consolação. "Essas ações visavam a confundir a militância."

Apesar de alguns problemas, as manifestações foram bem sucedidas. "O trabalhador está firme no propósito de combater as políticas do governo. Em pouco tempo, a gente conseguiu mobilizar as categorias, com um ato político e um ato cultural politizado. Várias palavras de ordem vinham do próprio público. Vamos continuar com a mobilização."

O ato de 1º de Maio da CUT, da CTB e da Intersindical seria realizado, inicialmente, diante do vão livre do Masp, na Avenida Paulista, mas a prefeitura barrou, alegando impedimentos legais. Houve uma reunião conciliatória no Tribunal de Justiça, que resultou em acordo para realização da primeira parte da manifestação na Paulista, três quarteirões adiante, e dos shows na República. A passeata pela Consolação teve outro incidente: a Polícia Militar impediu que um caminhão de som seguisse o trajeto. "A PM pegou a chave do caminhão e não deixou de descer", lembrou Douglas – a alegação, segundo ele, era de que o veículo não havia passado por vistoria. "Foi um ato coercitivo de impedimento à livre manifestação", protestou. 

Criatividade e solidariedade

A secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães, observou que o enfrentamento da mais grave crise da história recente do país, desde a redemocratização, impulsionou um "retorno às origens" do movimento sindical em relação ao 1º de Maio. "É historicamente um dia de luta. Quem foi ontem à Paulista foi por uma causa. E os artistas que encerraram o ato também, pois são ativistas de uma batalha cultural e de liberdade para a juventude", disse Adriana.

"Apesar de todos as adversidades promovidas por uma gestão autoritária da prefeitura, fomos as ruas assim como fomos no dia 28. A crise é grave, mas é uma oportunidade para o sindicalismo rever suas práticas, com criatividade e solidariedade", observou. "Ingressei no movimento sindical muito jovem e sempre fui crítica ao 1º de Maio show, onde o povo estava lá para ver exclusivamente os artistas. Claro que isso não é um problema, em si. O problema é a quando cultura é alienante, e não ser libertadora, contestadora. Este 1º de Maio foi um marco para o sindicalismo, as coisas estão mudando e a juventude estava lá."

Os próximos passos preveem ocupação em Brasília durante a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que mexe com a Previdência, na Câmara, e o agora Projeto de Lei (PLC) 38, de "reforma" trabalhista, que acaba de chegar ao Senado. Para o presidente estadual da CUT, a mídia tradicional desinforma. "Uma parte da população está batendo palma para o fim do imposto sindical, mas a grande imprensa esconde as armadilhas que podem representar o fim da organização sindical e a flexibilização de direitos", observa, lembrando que a central é contra a contribuição sindical obrigatória.

Da mesma forma, os meios de comunicação formais buscam "vender" a ideia de retomada da economia. "A todo momento, tentam criar um ambiente favorável. A realidade é outra. Existem dados pontuais que não demonstram um indicativo de crescimento." Douglas também contesta a recorrente argumentação de que é preciso flexibilizar para voltar a criar empregos. "É mais uma tentativa de manipulação. É bom lembrar que até 2014 a legislação era a mesma o desemprego era baixo. O que gera emprego é crescimento econômico. Pode flexibilizar, fazer a mudança que quiser."

Ainda nesta semana, a CUT e as outras centrais vão se reunir para avaliar os próximos passos, que incluem a "ocupação" de Brasília e a discussão sobre uma possível nova grre geral, conforme o andamento dos projetos de reformas. "Esse cidadão (Temer) está entregando o país. A esperança é que as mobilizações sensibilizem os parlamentares, eleitos com o voto do povo", diz Douglas. O Planalto terá mais dificuldade para aprovar a PEC 287, que exige mais votos. "Pela votação da reforma trabalhista, eles sabem que não conseguem aprovar a reforma da Previdência."

  Fonte: CUT/SP
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