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Bancários relatam desgaste emocional por metas abusivas e pressão crescente no Banco do Brasil

Bancários e bancárias do Banco do Brasil têm relatado ao Sindicato dos Bancários de Guarulhos e Região uma pressão crescente pelo cumprimento de metas consideradas abusivas, em um cenário econômico desfavorável. Para se ter uma ideia, a alta da taxa Selic, fixada em 15% em 17 de setembro pelo Banco Central, tem dificultado a concessão de crédito e aumentado a inadimplência, o que, consequentemente, reduz a demanda por empréstimos.

Mesmo assim, as metas de vendas e desempenho continuam elevadas, segundo funcionários ouvidos em sigilo.

“Estamos todos aflitos e em dúvida até sobre o recebimento da PLR referente a este semestre. Uma porcentagem muito alta de agências não está cumprindo metas que explodiram e isso, com certeza, nos preocupa”, disse um bancário. Ele relatou também que os gerentes usam a apreensão dos funcionários com relação à PLR para pressionar equipes.

A situação, é claro, tem impacto direto na saúde mental dos trabalhadores. Muitos relatam estresse, desespero e sensação de ameaça, especialmente para aqueles comissionados, cuja remuneração depende do atingimento de metas individuais e da equipe. “É pressão, é ameaça, é desespero e a incerteza de dias melhores”, afirmou outra funcionária.

O desafio é ainda maior em razão de fatores externos: empresas preferem manter recursos aplicados, devido aos altos juros, e a inadimplência no setor agro e PJ dificulta a liberação de crédito.

Ainda assim, o banco não revisa as metas para adequá-las à realidade.

Segundo relatos, quando uma meta é atingida, o banco aumenta ainda mais a cobrança, criando um ciclo que funcionários descrevem como desumano. “As metas estão bem fora da realidade, é bem difícil de conseguir. A agência chegou a quase 800 pontos no Conexão e ficou muito bem colocada na Regional, mas mesmo assim ainda não atingiu a expectativa do banco”, contou uma bancária.

A situação se reflete diretamente nos resultados: enquanto o lucro foi de R$7,4 bilhões no primeiro trimestre, no segundo trimestre caiu para R$3,8 bilhões, uma redução de 48,7%, o que pode ter levado a instituição a intensificar ainda mais a pressão sobre os funcionários.

O paralelo entre pressão por metas inalcançáveis e a saúde mental dos bancários e bancárias é uma preocupação do Sindicato que em setembro, através da Secretaria de Saúde, trouxe a médica psiquiatra, Nara Castellon, e a psicóloga clínica ,Edivânia Silva, para uma palestra sobre a necessidade de cuidar do bem-estar mental da categoria, fornecendo as ferramentas necessárias para que a diretoria saiba identificar e agir corretamente diante de situações como as descritas pelos bancários e bancárias.

“A pressão por metas abusivas em um cenário econômico desafiador não pode colocar em risco a saúde mental dos trabalhadores. É fundamental que o Banco do Brasil reveja seus parâmetros e crie condições justas para que os funcionários desempenhem suas funções com equilíbrio e segurança, nossa luta é para que todos tenham tranquilidade e dignidade no desempenho de suas funções”, afirma João Cardoso, secretário de Comunicação e bancário do BB.

Se você tem sofrido assédio moral dos gestores de sua agência para alcançar metas impossíveis diante do cenário econômico, denuncie através do telefone (11) 2440-7888 ou pelo e-mail saude@bangnet.com.br. Sua identidade será mantida no mais absoluto sigilo.

 

FONTE: SEEB Guarulhos

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