Bancários do Itaú lotados nas agências digitais vêm relatando ao Sindicato que estão se sentindo esgotados com o aumento e o excesso de metas.
A pressão abusiva para o cumprimento de resultados – e o assédio moral decorrente – ocorrem tanto no segmento Personnalité como no Uniclass.
Como se não bastasse, o banco está implantando em algumas agências Personnalité um modelo no Atendimento, chamado “Smart”, ainda na fase de projeto piloto.
O Smart fez com que o número dos clientes dobrasse em cada carteira dos gerentes, causando afastamento por adoecimento mental e pedidos de demissão por aumento de pressão.
As carteiras passaram de 700 a 800 clientes para 1.500 e, além disso, os gerentes ganharam uma nova atribuição como tutores. Por exemplo, tutor de assistentes, tutor de satisfação. E outros foram encarregados a se tornar backup de gerente geral, gerando acúmulo de funções.
“O banco modificou os cargos, acabando com os líberos, sendo que alguns mudaram a função e outros ainda estão aguardando uma realocação, gerando um clima de apreensão e medo de demissão”, relata Valeska Pincovai, dirigente sindical e bancária do Itaú.
Adoecimento e medo de demissão
O Itaú também está criando uma carteira Master no segmento Personnalité para migração dos antigos líberos, e quem não tiver uma boa performance será demitido.
“As pessoas trabalham com muito medo e pressão nos locais de trabalho. É vergonhoso um banco que lucra bilhões deixar de contratar funcionários em número suficiente para os locais de trabalho”, afirma Valeska.
O Sindicato tem recebido denúncias de trabalhadores que estão adoecendo e com medo de serem demitidos. Relatam também que as metas estão cada vez maiores, e o excesso de trabalho é constante.
Funcionários têm que atender clientes por telefone, chat, e-mail, SMS e WhatsApp, e isto ocorre em todas Agências Digitais, mesmo as que não fazem parte deste projeto piloto.
Sobrecarga em um banco que lucra bilhões
Em junho de 2017, o Itaú tinha 847 clientes para cada empregado. Em junho de 2021, essa relação subiu para 1.001 clientes para cada empregado, o que reforça a sobrecarga de trabalho no banco que lucrou R$ 18,5 bilhões só em 2020.
“O Itaú se vende como um banco tecnológico, do futuro, e diz na imprensa que está mudando, passando por uma transformação cultural, mas infelizmente a realidade de quem trabalha nele é totalmente diferente. Os funcionários não são valorizados, sofrem com assédio moral nos locais de trabalho, e a gestão é arcaica no que diz respeito às relações de trabalho”, afirma Valeska.
“Cobramos do Itaú que respeite seus trabalhadores, promova contratações a fim de diminuir as metas, a sobrecarga de trabalho e os adoecimentos decorrentes, bem como o desemprego que afeta 14 milhões de brasileiros, e aja de acordo com o que propaga em suas publicidades, promovendo uma transformação cultural nas suas relações de trabalho que priorize a consideração, a valorização e a saúde dos seus empregados.”
Valeska Pincovai, dirigente sindical e bancária do Itaú