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Desigualdade gritante: mesmo com mais estudo, mulheres seguem ganhando quase 20% a menos que homens, aponta IBGE

Dados preliminares do Censo 2022, divulgados nesta quinta-feira, mostram que, além de receberem os maiores rendimentos, homens também possuem um maior nível de ocupação no país

Categoria bancária garantiu na CCT 2024 o compromisso dos bancos com a paridade salarial entre homens e mulheres

foto: Neiva Ribeiro, Juvandia Moreira e Aline Molina em negociação do Comando Nacional dos Bancários

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Mesmo mais escolarizadas, as mulheres ganham quase 20% a menos do que homens no Brasil e possuem um menor nível de ocupação, indicaram dados preliminares do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (9).

Segundo o instituto, o rendimento médio nominal mensal de todos os trabalhos é de R$ 2.506 para mulheres — valor 19,6% menor em relação ao observado para homens, de R$ 3.115.

A discrepância salarial entre os dois gêneros foi observada em todos os graus de instrução, chegando ao ápice na comparação entre trabalhadores com superior completo. Nesse caso, enquanto os homens têm um rendimento médio de R$ 7.347, as mulheres alcançaram uma média de R$ 4.591 – uma diferença de 37,5%.

  • 🔎 Os dados do Censo do IBGE consideram uma pesquisa sobre rendimento do trabalho realizada entre 25 e 31 de julho de 2022. Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 1.212. Foram consideradas ocupadas as pessoas de 14 anos ou mais que, no período, trabalharam ao menos uma hora ou estavam temporariamente afastadas de uma atividade remunerada.

 

Além disso, os dados também indicaram que a diferença salarial entre homens e mulheres acontece a despeito do maior nível de escolaridade de pessoas do sexo feminino.

Enquanto 28,9% das mulheres ocupadas possuíam o nível superior completo, apenas 17,3% dos homens alcançavam esse nível de escolaridade.

Já entre os trabalhadores que não possuíam o ensino médio completo, a diferença era ainda maior: isso era uma realidade para 43,8% dos homens e apenas 29,7% das mulheres.

 

Igualdade salarial: uma luta da categoria bancária

Nos bancos, as mulheres recebem, em média, 19% menos que os colegas homens. No recorte racial, o cenário é ainda pior: as bancárias negras tem remuneração 34,5% inferior à remuneração média do bancário branco do sexo masculino.

A categoria conquistou na última renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), fruto da Campanha Nacional dos Bancários 2024, o compromisso dos bancos de alcançar a paridade de remuneração entre homens e mulheres.

A proposta é que as empresas acelerem o cumprimento da Lei de Igualdade Salarial, em vigência no país desde 2023.

Com base em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) dos últimos 10 anos, o Dieese estima que a categoria bancária poderá alcançar a paridade salarial apenas em 46 anos.

“Por isso que a Lei de Igualdade Salarial é fundamental, mas para que o seu cumprimento seja efetivo existem medidas que nós defendemos, como a forma em que os dados são divulgados e organizados pelos bancos”, explica Juvandia Moreira.

A lei prevê que estabelecimentos com mais de 100 funcionários devem enviar, periodicamente, ao Ministério do Trabalho e Emprego, informações para o relatório anual de transparência e que vem sendo utilizado para programar as políticas de igualdade de gênero.

A título de comparação, o Fórum Econômico Mundial aponta que a equidade salarial de gênero levará 131 anos para ser atingida, isso considerando a realidade global.

Na Consulta Nacional de 2024, realizada com quase 47 mil trabalhadores do setor em todo o país, o tema Igualdade de Oportunidades ficou em 5º lugar entre as prioridades da categoria relacionadas às cláusulas sociais.

Quando as respostas foram analisadas separadamente por gênero, o contraste ficou evidente. Entre as mulheres, Igualdade de Oportunidades apareceu em 1º lugar, sendo citada por 65% das participantes, à frente de temas como manutenção de direitos, combate ao assédio moral e emprego.

Já entre os homens, a principal prioridade foi manutenção de direitos, enquanto Igualdade de Oportunidades ocupou apenas a 6ª posição.

Aline Molina aborda importância da defesa da Igualdade de Oportunidades 

fonte IBGE com redação G1 e Contraf-CUT

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