Em meio à pandemia do coronavírus e diante da nítida diferenciação de tratamento dispensado aos trabalhadores pelas direção do Santander no Brasil e nos demais países onde o banco atua, as Redes Sindicais Internacionais dos Trabalhadores do Santander reuniram-se nesta quarta-feira 27 para debater esta situação que evidencia a discriminação dirigida aos empregados brasileiros do conglomerado espanhol.
“É revoltante a maneira distinta com que o Santander trata seus trabalhadores nos diferentes países onde atua. Em que pese a diferença cultural, política, social e econômica entre os países, uma coisa é certa: a vida tem o mesmo valor em qualquer lugar, e o banco tem o dever de garantir segurança para todos os funcionários do grupo, no mundo”, afirma Maria Rosani, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, coordenadora da Comissão Organizativa dos Empregados (COE) do Santander.
Espanha
Trabalhadores do grupo de risco não são inseridos no banco de horas. Estes empregados ou estão garantidos pela seguridade social do país, ou o banco remunera integralmente seus salários, sem precisar compensar horas depois da pandemia.
O banco só retornou de 10% dos trabalhadores que estavam em home office semanas depois que a curva de contaminação e mortes começou cair. Enquanto no Brasil o banco convoca 30% para o retorno ao trabalho quando a curva ainda nem atingiu o pico.
O Santander remunera integralmente os pais de filhos menores que exigem acompanhamento, enquanto que, no Brasil, o banco empurra esses trabalhadores para um banco de horas negativo (respaldado pelo governo Bolsonaro, que editou a Medida Provisória 927, implantada pelo Santander sem negociação com o sindicato).
Ficam as perguntas para o Santander: os filhos valem mais na Espanha do que no Brasil? Os altos executivos não receberão seus bônus este ano e a presidente mundial, Ana Botin, reduziu seu salário em 50% durante a pandemia. E a direção executiva do Santander Brasil, qual será a contribuição dos senhores para vencermos esta crise? Quanto de seus salários e bônus serão doados para o combate à pandemia?
Chile
O presidente Santander Chile reuniu-se hoje com mais de 100 dirigentes sindicais chilenos para discutir os rumos do banco na pandemia e seus efeitos para os trabalhadores.
No Brasil, nem antes e nem durante a pandemia o senhor Sergio Rial jamais recebeu dirigentes sindicais. É o único presidente na história do Santander Brasil que não dialoga com o movimento sindical. Diga-se de passagem, até o senhor Emílio Botín já se reuniu com os dirigentes sindicais brasileiros.
Argentina
O Santander tem pago um bônus/complemento de salário para os custeios de internet, energia e outros suprimentos para os trabalhadores em home office. No Brasil, não custeia nada e ainda cobra metas três vezes ao dia.
As horas extras são 100% remuneradas, e não compensadas, como no Brasil.
“E você, bancário brasileiro, que trabalhou no feriado decretado para conter o avanço do coronavírus, que sofre assédio todos os dias, o que acha do tratamento diferenciado entre os países?”, questiona Maria Rosani.
A dirigente enfatiza que o Brasil responde por 29% do lucro mundial, graças ao esforço dos trabalhadores brasileiros, que todos os dias vão trabalhar correndo risco de contaminarem a eles próprios e as suas famílias com covid-19.
“E o tratamento que recebem é de discriminação. O banco economiza até com higienização, não respondeu ainda se pagará hora extra para quem trabalhou no feriado, se nega a negociar, não apresenta contraproposta para os problemas dos trabalhadores. Vergonhosa a forma como trata seus funcionários. Nossa vida vale tanto quanto as vidas dos cidadãos espanhois, uruguaios, argentinos, chilenos ou de qualquer outro país. Queremos igualdade de tratamento. É o mínimo que merecemos por tanta dedicação ao Santander”, afirma Rosani.
O Sindicato cobra resposta sobre o pagamento de horas extras para os bancários que trabalharam nos feriados antecipados. “Na hora de implementar a MP 927 e de convocar para trabalhar no feriado, o Santander é um dos primeiros, mas na hora de cumprir com suas obrigações, é sempre o último”, afirma Rosani.
As Redes Sindicais Internacionais dos trabalhadores Santander são organizadas pela Uni Finanças, segmento da Uni Global, sindicato internacional que atua em mais de 120 países e representa mais de 20 milhões de trabalhadores, participaram representantes sindicais do Brasil, Espanha, Chile, Argentina e Uruguai.