Em visita a bairros do extremo sul da cidade de São Paulo, dirigentes do Sindicato dos Bancários de Paulo, Osasco e Região flagraram uma agência do Santander lotada de clientes e com pouquíssimos funcionários.
Diante da situação constatada, o Sindicato acionou o banco para solicitar o levantamento do fluxo operacional da unidade bancária, para cobrar mais funcionários e, principalmente, para saber quais os critérios utilizados pela instituição financeira na decisão de abrir agências convencionais.
“É evidente que esta região precisa de mais unidades bancárias e mais funcionários para atender adequadamente os moradores”, afirma Lucimara Malaquias, diretora executiva do Sindicato e bancária do Santander.
A unidade visitada (o local não será revelado para não expor os bancários) se destacou pela sucessão de maus exemplos e descaso do banco com empregados e clientes.
Agência sem porta de segurança. O Santander iniciou, em 2019, a retirada de portas de segurança, à revelia do Sindicato. Neste local, por exemplo, os funcionários se sentem extremamente vulneráveis, em uma região com alto índice de roubos.
Apenas um caixa e um Gerente Administrativo realizam o atendimento de dezenas de clientes, todos os dias e não apenas em dia de pagamento de benefícios, como alega o Santander. O fluxo de procura aos bancos é bem elevado na região, onde muitos moradores não utilizam canais digitais. Ao contrário do que o Santander argumenta, nesta região é imprescindível a função de caixa.
O Santander tria e direciona os clientes para outros canais de atendimento que geram menos custos ao banco. Isto não resolve de forma satisfatória a situação dos clientes e nem ameniza a carga de trabalho dos bancários.
O Santander tem apostado na fusão e no fechamento de agências, e na redução do quadro de funcionários, na terceirização em massa, nas demissões e na inserção de tecnologias que prometem muito e entregam pouco em termos de eficiência.
A extensão do atendimento gerencial das 9h às 17h é mais um grande problema, pois a mudança não veio acompanhada de novas contratações. Pelo contrário, houve redução no número de bancários, e os remanescentes atendem uma quantidade maior de clientes em um período maior de tempo, resultando em mais sobrecarga e mais adoecimentos.
A agência desta região apresenta prejuízos para o banco, o que gera mais pressão sobre os funcionários, que precisam trabalhar por três para dar conta das demandas.
Mas apesar do prejuízo desta unidade, o fato é que o Santander segue com lucro bilionário, mesmo com o país enfrentando problemas econômicos e sociais.
“Embora o Santander tenha alegado que a situação constada pelo Sindicato foi um dia atípico, na realidade trata-se de um projeto do banco que consiste na redução de investimentos nas regiões mais pobres e no direcionamento da estrutura e dos recursos para regiões mais abastadas e elitizadas onde o banco vem lançando as tais agências de negócios e os Work Cafés, espaços que visam gerar negócios rentáveis para o banco”, afirma Lucimara Malaquias.
“Esta estratégia exclui as pessoas de renda mais baixa do sistema financeiro. É sempre bom lembrar que o banco é concessão pública e, como tal, tem o dever social de fomentar o desenvolvimento do país em todas as regiões. O Sindicato seguirá mobilizado e cobrando melhores condições de trabalho e respeito aos funcionários e clientes”, finaliza a dirigente.