Após tentativas de negociação, pressão, denúncia e protestos promovidos pelo Sindicato, uma ação judicial movida pela entidade obrigou o Santander a recontratar uma bancária com câncer demitida em pleno tratamento contra a doença e às vésperas do natal de 2019.
“A demissão de uma bancária em meio a um tratamento contra o câncer apenas reforça que a direção brasileira do Santander não se preocupa com a vida dos seus trabalhadores, inclusive de uma empregada em tratamento médico que ia perder o plano de saúde com a demissão”, lamenta o dirigente sindical e bancário do Santander Roberto Paulino.
Paula (nome fictício) enfrenta uma batalha contra um tumor na mama e tinha acabado de retornar do período de férias. A demissão ocorreu um dia depois, no dia 19 de novembro do ano passado.
“Quando eu tentei a reintegração, eu buscava algo correto e justo, porque quando eu fui demitida, eles sabiam que eu passava por um tratamento de saúde e não houve nenhuma preocupação por parte do banco. Quando eu fui demitida, o Sindicato estava na porta do banco protestando porque várias pessoas foram demitidas no mesmo dia. Eu conversei com o Roberto e contei o que aconteceu. Ele disse que a gente ia tentar uma reintegração e pediu para eu ir ao Sindicato com todos os laudos e exames médicos”, conta a trabalhadora.
“Tentamos reverter a demissão pela via da negociação, mas o banco se mostrou irredutível, o que nos obrigou a promover denúncias e protestos e, finalmente, fomos forçados a acionar a Justiça, que deu ganho de causa à trabalhadora”, relata Roberto.
A reintegração ao quadro de funcionários foi determinada pela juíza Renata Prado de Oliveira Simões, da 9ª Vara do Trabalho de São Paulo. A magistrada determinou o restabelecimento de todos os direitos e benefícios do contrato de trabalho da empregada, principalmente o plano de saúde.
Também ordenou que a bancária seja mantida em regime de home office, já que ela está inserida no grupo de risco para a covid-19. O Santander já informou que irá aproveitar a flexibilização do isolamento social determinado pelos governos estadual e municipal para ordenar o retorno de parte dos seus funcionários ao trabalho presencial, sem considerar a pandemia. Os trabalhadores do grupo de risco, contudo, continuarão em home office.
Paula conta que se sentiu aliviada com a decisão. “Eu me senti bem, porque percebi que a Justiça ainda funciona. Considero a atuação do Sindicato super positiva, porque quando eu precisei de orientação eu tive já na porta do banco, também no Sindicato eu tive orientação da advogada”, diz a trabalhadora.
Roberto lembra que, assim como os outros bancos, o Santander precisa de uma concessão pública para operar no Brasil e enfatiza que o banco deve prestar contas ao país e aos seus cidadãos ao invés de aumentar o número de desempregados por meio de demissões.
“O Santander é um banco estrangeiro que deve respeito aos trabalhadores brasileiros que são os responsáveis por 29% do lucro mundial da instituição financeira. O banco lucra muito com a sociedade brasileira por meio da cobrança de juros extorsivos e tarifas abusivas, e deveria dar um retorno mínimo ao país por meio de contratações a fim de diminuir a sobrecarga de trabalho dentro do banco e reduzir o contingente de mais de 12 milhões de desempregados”, afirma o dirigente.
“Se tiverem os seus direitos desrespeitados, os trabalhadores devem acionar o Sindicato, entrando em contato com os representantes ou por meio dos canais de comunicação da entidade”, orienta o dirigente.